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Pós Modernidade, Iconofagia na Rua Augusta 

A iconofagia impura, ou seja, corpos que devoram imagens, é uma das fases da ‘’A Era da Iconofagia’’, escrito pelo professor Norval Baitello Junior. É uma relação onde o corpo tem uma dependência compulsiva de imagens que podem ter origem de todos os tipos de espaços midiáticos e de qualquer linguagem. Essas imagens acabam se apropriando do conceito de marcas, grifes e marketing.

“[...] não se trata mais de um processo de apropriação de coisas, mas de suas imagens, não coisas. [...]”  - Baitello Junior (2005, p. 96)

Como explicado por Baitello em seu livro, esse déficit trouxe uma abertura para as empresas se apropriarem. Podemos relacionar a vestimentas que eram tidas como mais comuns, sendo que algumas peças eram normalmente utilizadas para trabalho, como, por exemplo, a Jardineira, e a Jaqueta Jeans, além disso, outros fortes exemplos que se tornaram icônicas são as Saias Midi e o Coturno.

A saia mídi surgiu em meio a muitas mudanças, não por acaso ou charme, mas por necessidade. Com a Primeira Guerra Mundial, as mulheres tiveram que assumir os postos dos homens no trabalho e os vestidos longos e pesados atrapalhavam, visto que era fundamental ter agilidade. Assim, os vestidos subiram até a altura das canelas. Nessa época, a Coco Chanel adotou o comprimento Midi em suas produções, assim como, Jeanne Lanvin que também fez muito sucesso com os vestidos no tamanho Midi. Infelizmente, na década seguinte, a indústria e comerciantes de tecidos sofreram grande queda em suas vendas, fazendo com que a altura das saias e vestidos voltassem para os tornozelos.

Em 1947, Christian Dior, volta com o tamanho Midi através do ‘New Look’, como contraproposta do estilo pesado, reto e sóbrio usado durante o período da Segunda Guerra Mundial, a saia veio quebrando isso com seu volume e movimento.

A peça se tornou ícone dos anos 50, trazendo luxo, glamour e elegância à moda francesa e também ao redor do mundo conforme sua fama e sucesso foram crescendo cada vez mais. Hoje temos a saia com diversos tecidos, texturas, estampas e cores, mas sempre quando usada, relembra a década de 50.

Já o Coturno, como citado, tem sua origem na Idade Média, quando as vestimentas eram mais simples e em alguns casos tinham partes dos pés descobertos, mas seu início verdadeiro foi em 1642, quando Thomas Pendleton, forneceu cerca de 600 pares para o exército inglês, fazendo com que as demandas pelas botas crescessem. Com a chegada das maquinas de costura no século XIX, o coturno se tornou mais acessível e também passou a ser o principal acessório nos pés dos homens. Conforme os anos foram passando, o calçado foi se aprimorando, passando a ter uma sola de borracha para o melhor conforto dos pés.

O coturno ficou ainda mais famoso no final da década de 70 com o movimento punk, já nessa época seu design foi mais incrementado com Spikes, fivelas e canos ainda mais altos, representando bem a rebeldia que o movimento trazia. Atualmente, o sapato é usado tanto por homens como por mulheres, possuindo diversas cores, texturas e tamanhos. Ainda é muito presente naqueles que seguem um estilo mais rock punk, mas também é usado por aqueles que querem dar um charme a mais em seu estilo casual.

Todas essas peças acabaram por se tornar uma marca de um estilo, o Old Style — no caso, sendo usadas para compor e trazer visibilidade para as pessoas que as usam.

Iconofagia Impura?

O pós-modernismo, movimento que veio após uma época Iluminista, completamente radical para o lado racional do homem, tem em si o propósito de incentivar e permitir que as pessoas expressem aquilo que querem, que sejam quem querem ser da maneira que elas quiserem.
Temos em São Paulo a rua augusta como grande exemplo do pós-modernismo, pois nela durante 24 horas temos ação. Podemos perceber a diversidade de pessoas, atividades, personalidades, e tudo isso sendo expressado de várias maneiras.Como meio mais evidente e presente de expressão temos a vestimenta, tratando-se desta rua especificamente, falamos sobre o estilo old Style, o qual traz peças antigas com novos ideais e novas combinações. Old Style é um estilo completamente pós-modernista e contemporâneo, estilo sem época e completamente original, pois as peças podem ser utilizadas e misturadas de acordo com a personalidade daquele que as veste , o Old traz o ideal de expressão, através das combinações e cores podemos perceber e ouvir as pessoas, ouvir o que elas querem dizer e o que elas sentem diariamente, perceber para onde elas vão e quais são as intenções suas intenções.

Sendo assim, temos na grande Rua Augusta um estilo completamente pós-modernista e a iconofagia impura acontecendo freneticamente e constantemente, as pessoas consomem e se apropriam do ideal que as roupas old Style trazem, pois percebem que dentro desse estilo elas têm voz para se expressar e ao mesmo tempo originalidade. Podemos perceber esta teoria com Jair Ferreira dos Santos no livro “O que é pós moderno”: “Sem identidade, hierarquias no chão, estilos misturados, a pós-modernidade é isto e aquilo, num presente aberto pelo e. A tecnociência avança, maravilhosa, programando tudo, mas sem rumo. [...] Na condição pós-moderna, como já se disse, a vida não é um problema a ser resolvido, mas experiências em série para se fazer. Abertas ao infinito pelo pequenino e" . (p. 111). Ou seja, tudo é aceito e todos são capazes de se expressar da maneira que quiser para o mundo.

© Atena Comunicação e Criação

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