
SEMIÓTICA E SIGNOS
Análise - Brechó Gato Preto
“O estudo da linguagem e dos signos é muito antigo. A preocupação com os problemas da linguagem começam na Grécia. A semiótica implícita compreende todas as investigações sobre a natureza dos signos, da significação e da comunicação, é uma semiótica explícita quando a ciência semiótica propriamente dita começou a se desenvolver” – SANTELLA, 2002: XII
A moda é sempre algo que vem e volta, novas tendências podem ser esquecidas facilmente ao mesmo tempo que o estilo de 20, 30 anos atrás acabam voltando e nem percebemos. Por exemplo, 5 anos atrás não era tão comum ver peças de veludo, as famosas chockers ou gargantilhas também não eram muito usadas, não víamos os vestidos curtos pretos sendo usados sobre camisetas e muito menos imaginávamos a volta das pochetes! O estilo do final dos anos 80 e principalmente da década de 90 voltou com tudo fazendo com que a procura por brechós também aumentasse, e eles não ficaram para trás, se modernizaram para atender as grandes demandas de clientes.
Para nosso estudo, conhecemos alguns brechós pela Rua Augusta e o brechó Gato Preto, localizado em uma galeria na mesma rua acabou nos chamando a atenção em alguns detalhes como mostra a imagem abaixo.

“As categorias constituem em um sistema de relações (sempre triádicas) que são as fundações formais do sistema filosófico de Peirce" – QUEIROZ, 2004
Ícone – O ícone é um signo visual que possui semelhança com o que representa. Por exemplo, a fachada de um Pet Shop é sempre composta por elementos que estão relacionados à animais, seja a própria figura de um animal, geralmente gato ou cachorro ou a pata do bicho. Conseguimos identificar o ícone no brechó com as roupas, pois como vemos o gato na fachada, não o associamos com uma marca de roupas mas ao ver as peças, tudo se encaixa melhor.
Índice – O índice tem relação contínua com representação, ele estabelece uma associação de uma coisa a outra através da experiência adquirida. Por exemplo, com as pegadas na areia da praia, sabemos que alguem passou por lá. No caso do brechó, o índice está representado também pelas roupas penduradas. Olhamos para elas e já sabemos que é uma loja de roupas porém ao olhar com mais cuidado, vemos que são roupas ‘misturadas’ e antigas, assim podemos ter a ideia de que é um brechó.
Símbolo – Os símbolos são abstratos, ele representa algo porque alguém decidiu dar um significado a um ser ou objeto, algo simbólico. Para o brechó, vemos que o símbolo é o gato preto na fachada. Ele foi escolhido para ser o logotipo e representar a marca dessa loja, já que sabemos que o gato como animal não tem muita relação com a moda, talvez o jeito delicado dele andar e se movimentar nos inspire a montar algumas peças mais sensuais ou sexys.
“Os três elementos formais e universais em todos os fenômenos que se apresentam à percepção e à mente são constituídos em primeiridade, secundidade e terceiridade.” – SANTAELLA, p. 7, Semiótica Aplicada.
Na prática com o brechó podemos dizer que a PRIMEIRIDADE é o simples fato de alguém estar andando pela galeria, ou rua, e se deparar com esta loja cheia de conteúdo dentro dela. Seu primeiro contato vai ser com as roupas por conta de sua vitrine ser de vidro, o que já facilita sua vista de fora do lugar e também por ocupar o maior espaço dentro dele. Então observando melhor, vemos que não é uma loja de fast-fashion como todas as outras, ela possui um diferencial, as peças não estão posicionadas como costumamos ver, elas são misturadas, com várias cores e texturas. A SECUNDIDADE já é feita nesse momento, onde o olhar se refina um pouco mais. Indo mais a fundo agora, vemos que as peças são únicas e com preços até mais acessíveis, a partir desse fato já temos a ideia de ser um brechó, a frase no alto da loja também ajuda nessa linha de pensamento, ela diz “confie no que você veste”. Esta seria a TERCERIDADE, onde a pessoa relacionou tudo o que havia visto anteriormente até que chegou a uma conclusão apenas por observar com mais calma a loja que estava à sua frente.
“Segundo Peirce, a terceiridade manifesta-se no signo, visto que o signo é um primeiro (algo que se apresenta à mente), ligando um segundo (aquilo que o signo indica, se refere ou representa) a um terceiro (o efeito que o signo irá provocar em um possível intérprete).” SANTAELLA – p. 7, Semiótica Aplicada.